terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Dia-a-dia na empresa

Os Invisíveis

“Ninguém olha para o que tem diante dos pés: todos olham para as estrelas.”
(Ênio, citado por Cícero)


Do alto de nossas cabeças coroadas de gestores- sempre contemplando a linha do horizonte- não fica nada difícil considerar invisíveis alguns profissionais da base da pirâmide empresarial. Nosso dia é sempre atribulado, nosso tempo é escasso e estamos constantemente preocupados com os nossos afazeres, que de longe, são os mais importantes e indispensáveis para a sobrevivência da empresa.

Aos invisíveis poucas vezes concedemos a palavra e raramente vimos a conhecê-los, supondo que um “bom-dia” lhes seja o suficiente. Daí tirei a pequena lição que descrevo abaixo:

Tempos atrás, parou em frente à porta aberta de minha sala a Cláudia, uma auxiliar de higienização muito simpática, e, de forma direta e sem cerimônia me despejou em uns trinta segundos, o seguinte:
“– O senhor sabia que estão desaparecendo rolos de trezentos metros de papel higiênico na média de um por banheiro por dia? É que os dispensadores não têm nenhuma espécie de fecho ou lacre. Então fica fácil tirar os rolos de dentro deles. Sugiro que o senhor mande colocar uns mini-cadeados nos dispensadores.”

Barba, cabelo e bigode! Ela me contou o problema, explicou porque estava ocorrendo e ainda trouxe a solução!

Calculei em dinheiro quanto poderia ser o prejuízo da empresa e o valor dos cadeados, os quais foram comprados e colocados nos dispensadores no dia seguinte. Dei o crédito pessoalmente à Cláudia, em reunião com a sua supervisora e equipe. Ideias de trezentos e cinco reais mensais podem ser multiplicadas por dezenas ou centenas, se no exercício de nossa liderança incluirmos os invisíveis na importância do trabalho coletivo, para assim obtermos deles o sentido de realização e de pertencimento ao mesmo. Eles provavelmente anseiam por isso!

Na próxima vez que os encontrarmos pelos corredores da empresa, sugiro que passemos a olhá-los de outra maneira. Aproveitemos para escutá-los, conversar um pouco e tomar um café com eles, pois é bem provável que tenham algo a nos dizer que ainda não sabemos.

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