sexta-feira, 11 de junho de 2010

Delicado equilíbrio


Pode parecer estranho que haja temores do governo, de empresários e da população em geral pela volta da inflação descontrolada, diante do crescimento de nossa economia no primeiro trimestre do ano. Nove por cento é crescimento prá ninguém botar defeito e para o mundo invejar. Entretanto, o sistema econômico é intrincado demais e seu equilíbrio é como caminhar num arame esticado sobre o precipício. Uma pisada em falso e já era!
Existem fatores básicos que em constante interação, afetam diretamente o equilíbrio da economia: O consumo de bens e serviços, os salários e as rendas das famílias e das empresas, o nível de emprego, a capacidade de produção, a intervenção governamental, os impostos arrecadados, os incentivos fiscais concedidos, os níveis de poupança das famílias, os níveis de investimento em bens de capital, tanto do governo quanto das empresas, etc.  Embora esses fatores afetem-se entre si e a economia como um todo de forma circular, para melhor compreensão puxaremos o fio dos consumidores para desenrolar o resto, isto é, chegarmos a questão da inflação.
Uma vez em maioria empregados ou trabalhando e com nível de rendimentos compatível com os setores em que atuam, os consumidores brasileiros, principalmente das classes C e D estão consumindo mais, pelo acesso recente que tiveram aos bens de consumo e serviços. 
Esse consumo adicional motiva os produtores e prestadores( indústria, comércio, serviços, agronegócios) a investir mais em seus negócios, comprando matérias-primas, adquirindo bens de capital, aumentando seus parques industriais, abrindo mais filiais, contratando mais mão-de-obra, gerando ações para aumento de produtividade e outras relativas a expansão.   
O governo por sua vez, para incentivar a atividade econômica em determinadas regiões do País e a geração de mais postos de trabalho, pode conceder incentivos fiscais e oferecer descontos ou isenção de impostos às empresas.
Suponhamos que tudo isso deva ter acontecido no primeiro trimestre do ano, simultânea e rapidamente com  outras interações favoráveis. E é justamente a rapidez do crescimento que preocupa os agentes econômicos. O crescimento da oferta agregada, isto é, da produção de bens e serviços, precisa de tempo para acontecer. É necessário existir um período de ajuste para que haja a absorção da demanda adicional e uma resposta proporcional na forma de produção. Caso os agentes produtivos não disponham desse período para adicionar os bens e serviços na economia, é provável que os estoques atuais acabem ou diminuam drasticamente, podendo determinar um aumento generalizado nos preços.
A preocupação com a inflação suscita então uma intervenção governamental, a elevação das taxas de juros, que propõe frear o consumo e regular os negócios, tornando o crescimento econômico mais moderado para que os preços(e salários) se mantenham estabilizados. 
É nisso em que acredito. Ao final de 2010 um crescimento entre seis e sete por cento e a taxa inflacionária em semelhante percentual, patamar considerado suportável.





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