sexta-feira, 16 de abril de 2010

Acontece nas melhores famílias (e também nas piores)

São três crônicas que escrevi a respeito da experiência de estar desempregado. Esta é a última.


III - Procura-se emprego nem tão desesperadamente assim

Na primeira semana de Março, estamos de volta à cidade. Ao entrar em casa, abro a caixa do correio, que abarrotada de contas e folhetos, denuncia o nosso retorno à realidade.
Passam-se mais alguns dias. Sou franco-atirador de currículos. Envio-os para todos os lugares possíveis na minha área de atuação: Hospitais, clínicas, seguradoras, etc. Com muita soberba e profundo desconhecimento sobre o funcionamento do mercado de trabalho na atualidade, nem penso em trabalhar em outra atividade que não seja relacionada com saúde e tampouco em ganhar somente “aquela mixaria” de antes.
Ao mesmo tempo em que lanço currículos desvairadamente, aproveito para conferir, sem muito acreditar, o outplacement (recolocação), benefício contratado a uma consultoria especializada por meu ex-empregador. Marco o dia e horário da reunião de apresentação.

Chega o dia combinado. Uma profissional muito simpática e educada me recepciona e conversamos durante uma hora. Bem, eu falo incessantemente durante todo o tempo! Não sou nada humilde, digo à ela que tenho muitos relacionamentos no setor e desafio-a, dizendo que espero que eles tragam-me uma nova posição antes mesmo de que os meios empregados pela sua consultoria a consiga.
 Ela ouve com muita atenção e paciência, demonstrando ao final a mesma simpatia. Dá um sorriso compreensivo, como quem diz: - Pai, perdoe-o. Ele não sabe o que fala!

Tive a melhor impressão dela e apesar do meu descrédito com o serviço, fruto de minha arrogância, penso que é melhor ter também essa opção, para o caso das coisas que planejei não saírem tão bem. Marcamos uma nova reunião para a semana seguinte. Despeço-me confiante e altivo.

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