quinta-feira, 1 de abril de 2010

Acontece nas melhores famílias (e também nas piores)

 São três crônicas que escrevi a respeito da experiência de estar desempregado. Essa é a segunda. 

II - O dia seguinte

Pela manhã já no litoral, a raiva tinha passado. Diminuida a tristeza, ficou a mágoa.
 O dia está lindo e faz calor. Projeto mais vinte e nove iguais e esse, mesmo que seja improvável de acontecer.Sinto aquela alegria infantil que só as férias são capazes de trazer de volta, misturada com sentimentos de fé, esperança e medo. Dá um friozinho no estômago, suor e taquicardia.

- Lá em Março a gente vai à luta e vê como fica, penso, enquanto caminho à beira-mar. Os planos para o futuro são os mais centrados e os mais mirabolantes, pois agora tudo é festa na praia. O futuro está um mês de distância!

Enquanto caminho, acompanhado de minha mulher, falo em retornar à um novo trabalho já em Abril, no máximo em Maio próximo. Ela diz que talvez leve mais tempo, em função do desemprego generalizado no país, da minha posição gerencial anterior e do meu salário elevado. Obviamente que eu não considerava-o tão elevado assim.
 A opinião dela não é levada em consideração, uma vez que decidi não ouvir notícias ruins durante o veraneio.

As férias trazem cores à realidade cinzenta e eu desejo que seja assim, por enquanto. Imagino como seria horrível o dia seguinte de um desempregado sem férias e sem praia. Chegamos à Plataforma! É hora de voltar ao 14. O Sol é causticante e o suor, intenso. Abro uma garrafa de suco de laranja gelado.

0 comentários: