sábado, 23 de outubro de 2010

A herança dos valores


Outro dia estávamos eu e minha mulher sentados à mesa do jantar, lembrando sobre os trinta dias da morte da minha sogra. Muito emocionada, ela contou-me uma passagem de sua infância, quando tinha uns dez anos de idade, por ai.

No Natal daquele ano, sua mãe lhe presenteou com uma boneca - muito pequena, cujo tamanho talvez não alcançasse nem dez centímetros, mas com longos cabelos que iam até quase os seus pés – e teria comentado algo assim: - Esse ano o Papai Noel só pode te trazer uma destas! E lá se foi minha mulher, toda feliz com sua bonequinha sem grife, cuja longa cabeleira era penteada a todo instante, companheira inseparável debaixo do travesseiro nas noites de sono e de sonhos infantis. É bem provável que naquele instante ela nem tenha se dado conta sobre o ensinamento que estava recebendo, só importando que o valor intrínseco de sua nova amiguinha era igual a de uma Suzi, boneca mais cobiçada pelas meninas daquela época.

Mais de Quarenta anos depois, essa história, contada por ela com lágrimas nos olhos é a prova mais espetacular da herança deixada pela sua mãe, a de valorizar a vida como ela se apresenta a cada momento. Hoje ela sabe que naquela pequena boneca estavam contidos os enormes valores do amor incondicional, do sacrifício material e da serena felicidade em fazer uma filha feliz. E eu, também com os olhos marejados, fiquei com mais certeza ainda da perpetuação desses e de outros valores fundamentais à vida de nossos descendentes.

0 comentários: