domingo, 9 de janeiro de 2011

Fotografias



Vocês já notaram que ninguém olha impunemente uma fotografia? Ninguém simplesmente as olha e segue a vida. Fotografias são memórias congeladas que podemos reviver a qualquer momento. Amareladas ou digitalizadas, elas são os registros portáteis de instantes importantes ou despretensiosos de nossas existências, histórias de pessoas e de lugares que nos são caros, de animais de estimação, até mesmo de plantas e de tudo mais que existe e que pode ser fotografado. Assim como artefatos da antiguidade que se encontram no fundo do mar, debaixo da neve ou da terra, elas estão em toda parte: em nossas gavetas, dentro de nossas carteiras, em seus àlbuns apropriados, em caixas de papelão. São os fósseis da moderna humanidade.

Quando estamos a sós olhando fotografias, não há como deixar de refletir sobre nossas vidas, não é mesmo? Inevitável traçarmos paralelos entre momentos e situações do passado e do presente, entre estados de espírito de antes e de agora e entre períodos econômicos favoráveis ou não. Ao manuseá-las, podemos ter sensações de uma boa vida ou de incompletude, de progressos ou de regressões, de mudanças ou de inércia.

Quando as estamos mostrando aos outros, contamo-lhes histórias, próprias ou alheias e invariavelmente o fazemos com paixão e ternura. Pessoas nas fotos não escapam de comparações ou de lembranças, lugares são objetos de esquecimento ou de desejo de regresso. Através das fotos, lamentamos ou damos graças aos bens que antes possuímos e que ainda estão conosco ou que hoje não temos mais e por elas, choramos pelos nossos bichos de estimação que já se foram.

Vocês não acham que as fotografias são quase imortais? Tão quanto durar o papel, a máquina e o computador, elas continuarão a estar entre nós. Não deixem de fotografar e ser fotografados e principalmente, nunca deixem de olhá-las. Fotografias são momentos de nossas vidas que congelamos em algum tempo, para derreter nossos corações tempos depois.

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